"Se ficou triste,não faça de conta que nada se passa. Desabafe a dois, numa espécie de conclave de pais. Fúria guardada é que não pode ser!" Eduardo sá
Robert Enke parecia ter encontrado o seu lugar ao sol. Num grande clube e à baliza da seleção alemã, aos 32 anos era, finalmente, uma estrela. No dia 10 de novembro de 2009 disse adeus à sua mulher e deu um beijo à filha adotiva de 10 meses. Saiu de casa, conduziu sem rumo durante oito horas, até estacionar junto a uma linha férrea. E atirou-se para debaixo de um comboio. O suicídio foi notícia em todo o mundo. Os alemães esqueceram as rivalidades clubísticas e juntaram-se aos milhares no funeral. Em Portugal, onde Enke viveu alguns dos anos mais felizes da sua vida, a sua popularidade tinha há muito transcendido as cores do Benfica. Ele era "O Enke", um rapaz educado de sorriso tímido, que se tinha matado sem ninguém perceber porquê. Uma Vida Curta Demais revela-nos o mistério dessa morte. É uma notável reconstituição de uma vida onde a depressão foi sempre escondida, onde os ataques de pânico eram combatidos jogo a jogo. É uma história de infortúnios, jogadas sujas de bastidores, onde vemos desfilar os participantes involuntários no drama, de José Mourinho a Vale e Azevedo, de Louis Van Gaal a Jupp Heynkes. Mas é acima de tudo a história de alguém que todas as semanas, em estádios com milhares de espetadores, se sentia o homem mais solitário do mundo - e que durante cada jogo tentava apenas não pensar na angústia que o dominava, na vida de segredos, na filha que em tempos perdera...