"Se ficou triste,não faça de conta que nada se passa. Desabafe a dois, numa espécie de conclave de pais. Fúria guardada é que não pode ser!" Eduardo sá
Um bebé nunca vem só. Ainda antes de nos entrar em casa, já a virou de pernas para o ar. É o berço que se ajeita, o quarto que se vai vestindo, velhas rotinas que se perdem. Ainda imagem difusa na ecografia, já ele se faz sentir em todos os poros, é um cansaço que se instala, uma ternura que cresce com o peso dos dias. Não é um mar de rosas. É antes como um rio, que começa num ponto pequenino algures lá longe. E que depois se aproxima, cresce, agiganta-se, até se juntar a esse mar imenso que são os pais - e o mundo - cá fora. É esse o rio que Eduardo Sá persegue neste livro, essa gravidez de pai e mãe, aqui descrita com delicadeza, com sabedoria, sem dramas ou medos. É um caudal complexo, que se multiplica e desdobra. E que o autor decifra em todas as suas nuances e afluentes. Temos aqui a futura mãe, jovem ou menos jovem, casada ou solteira, a viver com outra mulher ou com outro homem, a ter o primeiro filho ou os seguintes. O autor conduz-nos a todos os pontos, bons e menos bons, de uma gravidez que não é, nem pode ser, apenas "técnica". Quando Eu Estava na tua Barriga é uma porta para esse mundo tão longe e tão perto, para esse estado de graça, tão estudado e no entanto tão secreto, essa gravidez que é só começo e que dura uma vida.