Uma Vénus Privada
GIORGIO SCERBANENCO
Uma Vénus Privada

Uma Vénus Privada

GIORGIO SCERBANENCO

O rapaz é enorme, tem quase dois metros, pesa 90 quilos. Chama-se David, é filho de um milionário. Ainda não está bêbado, mas estará em breve. Não se vai queixar, nem choramingar. Vai apenas beber até ser noite, até cair na cama. É um destroço humano, que o pai acaba de entregar aos cuidados do Dr. Duca Lamberti. Ou melhor, ex-doutor. Lamberti é um Homem de Princípios. Levado por eles praticou eutanásia, passou três anos na prisão. Agora não pode exercer medicina. E o trabalho que o milionário lhe dá é simples. Pegar naquele tristonho David e curá-lo. “Não me importa o tempo que levar, mesmo que seja um ano, nem os meios de que se sirva. Pode até matá-lo à pancada, pois antes quero vê-lo morto do que alcoólico”. O Dr. Luca Lamberti não precisa de muito tempo para perceber que David não bebe porque sim. Há ali uma história, uma culpa feia e funda, que o empurra metodicamente para o torpor alcoólico. Há também uma mulher morta à beira da estrada, uma Vénus caída em desgraça. Há uma máfia que recruta raparigas como ela. E que faz coisas inimagináveis, mesmo para um médico que já esteve preso.
Uma Vénus Privada é uma pequena obra-prima, um marco na história da literatura. Foi com este livro que nasceu em 1966 o policial negro italiano. Deste livro não se sai incólume. É uma reflexão sobre o mal, a indiferença, as doenças sociais. Duro e terno em igual medida, é um romance policial de recorte clássico, que viria a influenciar toda uma geração de escritores e que foi prontamente adaptado ao cinema.

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